quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

EHBR Entrevista: Christoffer Malm, Chief Scout do Rögle BK

  
Christoffer Malm, Chief Scout do Rögle BK


O Euro Hockey BR tem o prazer de entrevistar Christoffer Malm, Chief Scout do Rögle BK, equipe que disputa a SHL a primeira divisão do hóquei sueco. Conversamos sobre os desafios da profissão, os bastidores e o caminho para se tornar um profissional da área e o status da SHL em relação a outras ligas ao redor do mundo.

Euro Hockey BR: Primeiro de tudo, como chief scout de uma equipe de SHL, você pode explicar um pouco sobre o seu trabalho e o que você faz diariamente? Alguns pensam que ser pago para assistir hóquei é ótimo, mas obvimente não é um mar de rosas como a descrição do seu contrato deve bem definir certo?
Christoffer Malm: Para mim, assistir hóquei e ter isso como uma vida é ótimo e, claro, um sonho se tornando realidade. É difícil descrever meu trabalho diariamente, já que está mudando tanto durante o tempo o todo durante toda temporada. Mas basicamente meu trabalho é ajudar o GM a encontrar, avaliar  jogadores que nós ou eu achamos interessantes e que podemos ver no Rögle para o futuro. Tudo se resume ao que precisamos. É para preencher um papel em uma primeira ou quarta linha, é um D-man defensivo ou ofensivo, etc, mas o que todos eles precisam ter em comum é que os vemos como uma parte da nossa organização e por isso ser um bom companheiro de equipe, respeitar uns aos outros, jogar o jogo pela razão certa e quer nos ajudar a vencer.

EUHR: Como foi sua jornada até alçançar o seu emprego? Você pode descrever como é difícil alcançar esse nível?
CM: Minha jornada pode ser descrita como sorte e oportunidade.
Estudei em Malmö na universidade onde estudei  Sports Management. No meu segundo ano, mais ou menos implorei por um estágio em uma agência de esportes chamada 4Sports que é baseada na Suíça, mas também tem um filial aqui na Suécia. Quando de repente eles se cansaram de me ver  implorar eu consegui! Eu trabalhei com eles por quase um ano e meio. Cada hora que eu poderia entre as aulas, durante torneios, jogos etc eu estava lá ajudando-os com aferição e muito trabalho administrativo. Chris (Atual GM do Rögle BK)  foi contratado pela Rögle em novembro de 2017, e teve uma reunião com esta agência e de repente eu tive uma reunião com Chris e uma coisa levou a outra. Eu meio que mudei de estágio para a Rögle e trabalhei para o Chris de graça, de nov / dez  2017 até 18 de maio, quando ele finalmente me contratou. Isso foi apenas um mês antes de me formar na Universidade e a oportunidade não poderia ser mais perfeita a tempo.

EUHR: Você trabalha para o Rögle, uma equipe em ascensão na SHL há um bom tempo, quanto das contratações você acha que acredita ter ajudado seu chefe Chris Abbott a fazer?
CM: Eu diria e pensaria que sou uma grande parte disso, já que sou outro par de olhos, mas também de voz. Se sou eu quem encontra um jogador ou ele manda um nome para mim, eu tento fazer o meu melhor para avaliar esse jogador e explicar como o vejo em nosso time. Chris é o mestre e toma as decisões, mas eu contribuo com outro ângulo e tento olhar profundamente no jogador para ajudar Chris e também porque o GM não pode estar olhando e avaliando os jogadores o dia todo. Existem muitas outras funções para o trabalho do GM do que isso.

EUHR: Quando você procura um novo jogador, o quanto você coloca de input de hóquei analitycs e da velha escola do que você vê do jogador no gelo com os próprios olhos para fornecer uma melhor ideia ou relatório se que um jogador é bom ou não?
CM: Análises e estatísticas avançadas são algo que adicionamos às avaliações. Isso nos dá outro ângulo de como podemos usar este jogador, como este jogador está sendo usado agora e como podemos tirar o máximo proveito deste jogador. Mas é claro que procuramos detalhes que não podem ser explicados por números. Como esse jogador está se comportando no gelo, como ele está contra os companheiros de equipe, quão bom skatista  ele é, etc. Então eu diria que nós misturamos as estatísticas com o que nossos olhos estão nos dizendo. 

EUHR: Depois de trazer um jogador, você já se surpreendeu para o bem (ou para mal)  com a performance de jogador que foi trazido ao clube?
CM: Todos os jogadores que trazemos estão sendo trazidos por um motivo. É claro que sempre pensamos que esse jogador é "tão bom" quanto acreditamos e esperamos que ele seja. Um jogador que me surpreendeu foi o Nils Höglander, que sabíamos que era bom, jovem e queria desenvolver o seu jogo. Mas a coisa que mais me surpreendeu foram os pequenos detalhes que ele faz dentro e fora do gelo que vem naturalmente para ele.

EUHR: Nosso público é do Brasil e eu não sei se alguma vez faria uma entrevista que o hockey seria uma coisa neste país. Você está impressionado com a forma como o jogo tem crescido ao longo dos anos e isso também reflete no Rögle, já que muitos dos jogadores não são da Suécia?
CM: O jogo de hóquei está crescendo a cada ano. Não apenas a parte do jogo, mas também o negócio financeiro em torno do jogo está crescendo muito.
A SHL tem alguns jogadores enstrangeiros em quase todas as equipes, e isso pode dizer muitas coisas diferentes. A primeira é que o SHL é uma liga atrativa para jogadores de importação. Outra é que a SHL é uma das melhores ligas em enviar jogadores para a NHL todos os anos, o que apenas aumenta a atratividade da liga. Há também o que eu acho uma coincidência, enviando jogadores para a América do Norte e ao mesmo tempo ser o lugar para jogadores de importação que quer tentar um caminho diferente para a NHL ou para a Europa.


Flávio Fernandes

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